ROBERTO GORGATI - PROCURANDO UMA CIDADE

Espaços assim são encontrados com frequência pelas ruas. Mesmo que pequenos, cabendo em uma vaga para carros, espaços assim mostram caminhos como se fossem um mapa. Nesses arranjos também se concentram tempos. Há na temporalidade dos encontros ações do passado que deixam vestígios. São vestígios como esses, de quebras, ajuntamentos, quedas e preenchimentos, que indicam direções e esboços de textos.

  Frágil Sujeito a mudanças repentinas Sujeito a rasgos Sujeito de papelão ondulado Placa ressentida de chuva Taça de água em uma esquina Água repelida dos lagos

  Máscara da sorte Com nariz vermelho Cores de laranja doce Em roupas de branco vento. Depois que fiz a máscara para o boneco atual, acabei colocando um nariz vermelho sobre ela. Talvez o nariz tenha vindo desse outro boneco mais antigo. 

  Flor azul ao chão junto à calçada. Sobre areias que se acumulam. Bem na curva de uma rua. A placa, com dizeres raspados, convida o transeunte a ficar parado. A rua cor de sol, reformada, retorna pelo acostamento. Colorindo plásticos rodeados por pétalas de tecido. Um miolo amarelo é detido por dégradé azulado. Sinais indicam o comportamento previsto. De clientes estacionados.

 

  foto: r.gorgati Caixa de rua:  Arte simétrica de dobras e colas. Fitas: Chaves adesivas para planos secretos. Móbile: Sopa de página quando se molha. Tempo: Movimentos abertos sobre quebra-molas.

  Um objeto espera com pernas de cadeira. Uma placa sinalizadora. Papelão, barbante e madeira. São a sombra um caminho desbotado. À frente de uma esquina, se aproxima a placa vazada. Um círculo guarda em seu vão recortado. Caminhos transparentes pendurados em acetato.